sexta-feira, 22 de agosto de 2014

João Baptista da Costa Biografia e Obras / Luciano Cortopassi




João Baptista da Costa (Itaguaí RJ 1865 - Rio de Janeiro RJ 1926). Pintor, desenhista, professor. Inicia sua formação artística em 1877 no Asilo dos Meninos Desvalidos, Rio de Janeiro, onde estuda desenho com Antônio de Souza Lobo (1840 - 1909). Em 1885, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, e é aluno de Zeferino da Costa (1840 - 1915), José Maria de Medeiros (1849 - 1925) e Rodolfo Amoedo (1857 - 1941). Em 1894, recebe o prêmio de viagem ao exterior na 1ª Exposição Geral de Belas Artes. Vai para a Europa e, em 1897, estuda com Jules Joseph Lefebvre (1836 - 1912) e Tony Robert-Fleury (1837 - 1911) na Académie Julian, em Paris. Em 1906, torna-se professor da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, substituindo Rodolfo Amoedo na cadeira de pintura; tem como alunos Candido Portinari (1903 - 1962), Orlando Teruz (1902 - 1984) e Quirino Campofiorito (1902 - 1993), entre outros. De 1915 até 1926 assume a direção da Enba.

Baptista da Costa é reconhecido como um dos grandes pintores de paisagem brasileiros da passagem do século XIX para o XX. Nasce muito pobre, fica órfão aos 8 anos de idade e passa um tempo morando com parentes. Não consegue se adaptar e foge para o Rio de Janeiro em 1873. Vive no Asilo de Menores Desamparados, onde aprende música, encadernação e desenho. O professor Antônio de Souza Lobo observa sua aptidão e o estimula a prosseguir os estudos em artes, conseguindo seu ingresso na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, em 1885, com o apoio de Ambrósio Leitão da Cunha (1825 - 1898) - o barão de Mamoré. Na Aiba, Baptista da Costa aprende pintura com Zeferino da Costa e depois com Rodolfo Amoedo, de quem assiste às aulas até se formar em 1889. Nesse período, como aluno, ele vive o processo de transição da Academia, saindo de uma orientação majoritariamente neoclássica para outra mais realista. Esse processo acompanha, de certo modo, a mudança do Segundo Reinado para a República, da Aiba para a Escola Nacional de Belas Artes - Enba. As pinturas passam a tratar de temas menos grandiloqüentes, com situações mais amenas e composição harmônica e descritiva.

Em 1890, o pintor mostra seus trabalhos pela primeira vez na Exposição Geral de Belas Artes. Cerca de quatro anos depois, pinta a tela Em Repouso (ca.1894). Na pintura desta cena rural, a predominância do ambiente sobre a figura denuncia o maior interesse de Baptista da Costa pela paisagem. Com ela o artista ganha o prêmio de viagem ao exterior na 1ª Exposição Geral de Belas Artes, em 1894, e muda-se para a França em 1896. Lá assiste às aulas de pintura de Tony-Robert Fleury (1837 - 1912) e Jules Joseph Lefebvre (1836 - 1912), na Académie Julian. Na estada européia, o artista conhece a Alemanha e a Itália. Volta ao Brasil em 1898, bastante amargurado, após perder sua primeira esposa.

Na sua volta, o artista passa a expor anualmente nos Salões nacionais, recebe medalha de ouro de segunda classe em 1900, de primeira classe em 1904 e a grande medalha de ouro em 1908. Em 1906, é convidado pela Aiba a substituir Rodolfo Amoedo na coordenação do ateliê de pintura. Nesse momento, seu trabalho elimina progressivamente os personagens e passa a se ocupar da descrição da paisagem rural. A produção de Baptista da Costa é vasta e compõe-se de importantes quadros de cenas de gênero e retratos como o de João Gomes do Rego e Dom Pedro II, mas é na pintura de paisagem que ele se consagra.

A dedicação, cada vez maior, à paisagem, é simultânea à sua aproximação de procedimentos de observação direta da cena brasileira. Baptista da Costa retrata a paisagem rural sem os arroubos românticos de Antônio Parreiras (1860 - 1937). Evita as idealizações dos pintores acadêmicos anteriores, procurando, em telas como Quaresmas, uma relação contemplativa com a natureza brasileira. Apesar de existir semelhanças de procedimento e de poética com artistas franceses como os membros da Escola de Barbizon e Jean-Baptiste-Camille Corot (1796 - 1875), pode-se dizer que Baptista da Costa é mais contido. Ele compõe panoramas de natureza variada, mas evita relações desiguais e fortes contrastes. As paisagens são harmônicas e serenas, tudo aparece acolhedor e pacificado.

Em 1915 o artista é homenageado com duas honrarias. Uma artística: a medalha de honra da 22ª Exposição Geral de Belas Artes. A outra é a sua eleição como diretor da Enba, cargo que exerce até o fim da vida sem deixar de dirigir o ateliê de pintura. Nessa função, Baptista da Costa forma muitos discípulos na pintura de paisagem, como Levino Fanzeres (1884 - 1956), Francisco Manna (1879 - 1943) e Vicente Leite (1900 - 1941). Apesar de não aceitar o modernismo, que julgava cabotino e anárquico, Baptista da Costa foi importante na formação de pintores próximos das linguagens de vanguarda, como Candido Portinari e Manoel Santiago (1897 - 1987).













Nenhum comentário:

Postar um comentário