Anna Clémence Berthe Abraham Worms (Uckange, França 1868 -
São Paulo SP 1937). Pintora, desenhista, professora. Em 1881, em Paris,
ingressa na Escola de Belas Artes e, quatro anos depois, na Académie Julien,
onde estuda com Jules Joseph Lefèbvre (1836-1912), Gustave Boulanger
(1824-1888) e Jean Joseph Benjamin Constant (1845-1902) e torna-se professora
de desenho. Expõe os primeiros trabalhos na 2ème Exposition de Blanc et Noir,
1888, e na Exposition des Beaux-Arts de la Société des Artistes Français, 1890.
Casa-se, em 1892, com o cirurgião-dentista brasileiro Fernando Worms e
transfere-se para o Brasil. Fixa residência em São Paulo, em 1894, e nesse
mesmo ano expõe seis telas na casa Fotografia Alemã. Em 1895, participa da 2ª
Exposição Geral de Belas Artes, com os trabalhos Lição Difícil, Júlia Lopes de
Almeida e Cabeça de Cardeal e obtém medalha de ouro. Com três telas expostas na
vitrine da Casa Garraux e 21 obras no salão do Banco União, em São Paulo, a
artista dá início às mostras individuais. Em 1896, toma parte da 3ª Exposição
Geral de Belas Artes e passa a ensinar desenho em seu ateliê na rua da Glória.
Depois de uma estada na França, volta à capital paulista em 1903, e passa a
expor regularmente: em 1904, na Faculdade de Direito; em 1907, na Casa Garraux;
em 1908, na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) (a tela Invocação recebe
medalha de ouro); em 1910, no Cercle Français (cenas de gênero, paisagens,
retratos e naturezas-mortas). Em 1911 e 1912, participa da Primeira e da
Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, respectivamente. Entre 1919 e
1928, apresenta-se em coletivas e organiza mostras individuais. Expõe pela
primeira vez com o filho Gastão Worms (1905-1967), em 1923. Integra em 1934 o
1º Salão Paulista de Belas Artes.
Comentário Crítico:
A pintura de feições realistas e de caráter quase documental
de Bertha Worms volta-se para a vida cotidiana: a carta recebida, as saudades
do migrante, um canto do ateliê. Nas composições de interiores e de figuras
destaca-se a atenção aos detalhes, seja da indumentária, seja do ambiente, o
que faz com que essas obras permitam o acesso a uma época, seus costumes e
modos de vida. Nas cores, a preferência pelos tons ocres, amarelos e castanhos.
Nas pinceladas, sobressaem os traços largos submetidos à precisão do desenho e
à clareza expressiva. A formação obtida nas academias de arte transparece na
fidelidade às convenções formais e temáticas. A valorização do desenho no
ensino acadêmico conduz a uma pintura afinada com a precisão descritiva,
marcada por um compromisso com medidas e proporções de corpos e ambiências, o
que a pintora segue com afinco.
Ainda que tenha realizado cenas de gênero, naturezas-mortas
(Maçãs e Uvas, 1922, e Camarões, ca.1923) e algumas paisagens (Rua
Tabatingüera, 1862), Worms mostra clara preferência pelo retrato, opção, aliás,
de parte considerável das mulheres artistas de seu tempo. As pequenas dimensões
do retrato aliadas à dimensão psicológica, imprescindível para a definição
expressiva do retratado, parecem adequadas à "sensibilidade
feminina". No Brasil, torna-se retratista concorrida, uma das poucas a se
sustentar com o ofício. A nota sentimental de sua pintura pode ser percebida em
temas e expressões (Notícia Triste, 1921), assim como no recurso do diminutivo,
freqüente nos títulos: O Amiguinho, O Beijinho, Carta do Netinho.
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