quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Mary Cassatt Biografia e Obras / Luciano Cortopassi

Mary Cassatt Stevenson nasceu em 22 de maio de 1844 em Allegheny City, Pennsylvania, EUA, em uma família abastada.  Seu pai, Robert Cassatt, foi um profissional bem sucedido e sua mãe, Katherine Kelso Johnston, veio de uma família de banqueiros, que lhe deu uma educação requintada.
Durante a infância da futura artista, a família viajou pela Europa, viveu na França e na Alemanha (1851-1855). Durante a sua estada de 4 anos na Europa, Mary tornou-se fluente em francês e alemão. Retornando à Pensilvânia em 1855, a família estabeleceu-se em Filadélfia.
Muito jovem ainda,  Mary decidiu dedicar-se à Arte e matriculou-se em 1861 na "Pennsylvania Academy of the Fine Arts", em Filadélfia, onde frequentou por quatro anos, e depois prosseguiu estudos por conta própria, mas em breve ficou frustrada com a educação artística nos Estados Unidos. Mary ponderou que precisava estudar na Europa e escolheu ir para Paris, apoiada por sua mãe, muito a contragosto de seu pai, que não concordava com a decisão da filha. Como a "École des Beaux-Arts" não admitia mulheres, em 1866, por um curto período,  freqüentou o estúdio de Charles Chaplin, tendo, em seguida, aulas particulares com Jean-Léon Gérôme. Além disso, Mary registrou-se como copista no Museu do Louvre. Em 1868 sua pintura foi exibida pela 1ª vez no Salon. A influência mais importante que Mary teve nos anos que antecederam a 1875 foi a de Edouard Manet, embora ele não aceitasse alunos particulares.
A guerra Franco-Prussiana (1870) fez com que a família Cassatt retornasse aos Estados Unidos, onde permaneceu por um ano e meio. A atmosfera nos Estados Unidos era tão desanimadora que Mary quase desistiu da pintura. No final de 1871 ela voltou para a Europa, estabelecendo-se em Parma, onde copiava trabalhos de Correggio para o arcebispo de Pittsburgh. Em Parma ela passou 8 meses muito felizes.
Em setembro de 1872 Mary foi para a Espanha estudar primeiramente as pinturas de Velasquez, Murillo, Ticiano e Rubens no Museu do Prado, seguindo depois para Sevilha, onde começou a pintar seus primeiros trabalhos de porte maior, baseados em motivos espanhóis: dançarinas espanholas usando mantilhas de renda, toureadores, etc.
Depois de um breve retorno a Paris em abril de 1873, ela visitou a Holanda e a Bélgica, voltando depois para o sul, para Roma. Em 1874, Mary finalmente decidiu se estabelecer em Paris. Com o auxílio de sua irmã mais velha, Lydia, que a ela se juntou na Europa, Mary montou um apartamento e estúdio. Lydia não era apenas a irmã mais velha, mas também a melhor amiga e modelo de Mary. Há onze trabalhos conhecidos com Lydia, entre eles  "The Cup of Tea", "Lydia Working at a Tapestry Loom", "Lydia Crocheting in the Garden at Marly", "Woman and Child Driving". Lydia morreu no fim de 1882 com a doença de Bright, o que foi um duro golpe para Mary.
 A artista tornou-se conhecida como pintora de retratos e era procurada por turistas americanos na França: "Portrait of an Elderly Lady". Como os modelos são muitas vezes conhecidos, vários dos trabalhos de Mary podem ser considerados retratos: "Mary Ellison Embroidering", "Reading Le Figaro"... Seu trabalho difere da rígida tradição acadêmica a respeito de retratos como uma mera semelhança, já que a maioria dos seus modelos estão envolvidos em algum tipo de atividade ou capturados em uma pose eventual.
Em 1877 Cassatt conheceu Degas, que a aconselhou a se juntar aos impressionistas.
"Eu aceitei com alegria. Agora  poderia trabalhar com absoluta independência, sem considerar a opinião de um júri. Eu já havia reconhecido quem eram meus verdadeiros mestres. Admirava Manet, Courbet e Degas, Despedi-me, então, da arte convencional e comecei a viver."
Começou nessa época uma estreita amizade com Degas, que durou até a morte de Degas em 1917.
Em 1877 seus pais vieram para morar com Mary permanentemente em Paris. O sucesso da "IV Impressionista Exhibition", e o de Mary Cassatt em particular, fez com que seu pai acreditasse finalmente que a filha havia escolhido o caminho certo na vida. Entre 1879 e 1882, "The Independents", como os impressionistas costumavam se autodenominar, passaram a realizar exposições anuais do seu grupo, dando, assim, oportunidade para que Mary apresentasse seu trabalho. Nos Estados Unidos ela já expunha regularmente com a "Society of American Artists", em Nova York.
As duas décadas em torno da virada do século foram um período muito bem sucedido e produtivo para Mary. Seus trabalhos focavam quase que exclusivamente na representação de mães e crianças, sendo que esses são os seus trabalhos mais conhecidos atualmente, tais como "The Chilld's Caress", "The Bath". Em 1890 Mary também se dedicou a gravuras: "The Letter", "In the Omnibus", etc. Seu pai faleceu em 1891 e sua mãe em 1895.
Em 1898 Mary voltou aos Estados Unidos, depois de muitos anos de ausência, visitando parentes, amigos e colecionadores. Em 1901 ela voltou à Itália e à Espanha e, em 1980, fez sua última visita aos Estados Unidos. Entre 1910 e 1912 Mary viajou intensivamente pela Europa e pelo Oriente Médio. Em 1904 ela foi aceita na "Légion d'Honneur" e em 1910 tornou-se membro da "National Academy of Design", em Nova York.
Os últimos anos de Mary Cassatt foram ofuscados com a perda de pessoas próximas, como parentes e amigos, e  pelo sofrimento de diabetes e de catarata nos dois olhos, o que a reduziu à quase cegueira. Ela vivia solitária no Château Beaufresne, acompanhada apenas por uma empregada de longa data, Mathilde Valet, ou no sul da França. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Cassatt teve que abandonar a pintura por completo. Mary Cassatt morreu no Château de Beaufresne em 14 de junho de 1926, e foi sepultada no jazigo da família na localidade vizinha, Mesnil-Théribus.
Grande parte de suas obras está hoje em coleções americanas, enquanto apenas um pequeno número permanece na França, onde ela trabalhava. Seu nome é menos conhecido que o de seus colegas impressionistas, Degas, Monet ou Renoir. No entanto, Mary Cassatt é uma pintora extremamente original e interessante e seu talento não fica aquém de pintores vastamente divulgados.








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