Em 1888, Pierre Bonnard começou a
freqüentar a Escola de Belas Artes e a Academia Julien, em Paris, onde se ligou
a vários artistas, ao lado dos quais participou do grupo dos nabis (palavra
hebraica que, em português, poderia ser traduzida por "profetas" ou
"entusiastas"), cuja arte foi marcada pelo simbolismo.
Em 1889 começou a produzir
litogravuras em cor. Expôs pela primeira vez no Salão dos Independentes, em
1891, revelando uma observação da vida parisiense cheia de humor e de verve.
Tornou-se célebre a partir de sua primeira exposição individual, realizada em
1896.
Os primeiros trabalhos de Bonnard
eram ainda influenciados por Gauguin e pela arte japonesa, que ele muito
admirava. Sua paleta, de início clara, mais tarde assumiu os matizes cinzentos
de Paris. Pintando às vezes em papelão, passou a recobrir suas imagens com as
brumas da cidade, cujo encanto soube captar tão bem. Sua simpatia pelos
humildes e pelos animais pode ser observada em várias de suas pinturas. Seus
primeiros quadros eram geralmente executados em telas pequenas, com grande
delicadeza de toque. Contudo, a partir de 1900, o estilo de Bonnard sofreu
considerável modificação. Transferiu-se para o campo, pelo qual sempre se
sentira atraído, alternando em sua obra paisagens e cenas íntimas.
Colorido intenso e luminoso
Começa, então, a utilizar telas
maiores, pois dizia que "certas belezas da natureza são intraduzíveis sem
grandes dimensões". As paisagens, interiores e nus criados entre 1920 e
1935 são de um lirismo crescente. Seu colorido intenso e luminoso é oriundo de
uma visão extremamente pessoal. A partir de 1928, Bonnard criou obras cujo
otimismo solar refletia o sereno equilíbrio de uma sociedade burguesa no seu
apogeu.
Bonnard diverge dos
impressionistas pela liberdade com que trata seus temas, bem como por suas
cores - no dizer do crítico Charles Aterling, "poeticamente
arbitrárias". Por outro lado, não pode ser incluído entre os fauvistas
devido à intimidade de seu mundo pictórico e seu espírito de felicidade
burguesa. Bonnard foi um pós-impressionista, cuja infidelidade ao naturalismo
literal de seus precursores imediatos dá ás suas telas e desenhos aquele ar
feérico que os caracteriza.
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