Fra Angelico, batizado como Guido di Pietro Trosini,
conhecido posteriormente também como Giovanni da Fiesole, nasceu em 1387, na
aldeia de Mugello, em Vicchio. Ele era igualmente chamado de Fra Giovanni – fra
é a versão italiana para frei. Ele viria a se tornar, mais tarde, um dos mais
significativos artistas renascentistas da Itália.
Seu talento se revela em um
período posterior. Seu primeiro trabalho assinado, o Retábulo dos Linaioli,
data de 1433.
Ao que parece ele foi discípulo de Lorenzo Monaco, com quem
aprendeu a técnica da iluminura. Nesta época ele já era um dominicano, ordem da
qual ele passou a fazer parte aos 20 anos, exercitando sua vocação religiosa no
convento de Fiesole.
Durante o pontificado de
Alexandre V, ele e seu grupo foram expatriados, entre 1409 e 1418. A partir de
1436 eles se instalaram no convento de São Marcos, na cidade de Florença, local
concedido pela família Medici. Aí ele iniciou suas pinturas murais e também
atuou junto ao arquiteto Michelozzo, responsável pela reforma deste espaço. Nas
celas desta instituição é possível encontrar registros de episódios evangélicos
retratados pelo pintor.
A convite do Papa, ele visitou
Roma em 1447 e em 1448, retornando em 1452, sempre a serviço do pontífice,
ornamentando a capela do Papa Nicolau V, no Vaticano. Nesta mesma época ele
também trabalha sob encomendas em Orvieto. Sua obra provoca admiração ainda
hoje entre os críticos e os que a contemplam, por seu primor técnico e a
profunda espiritualidade que ela transmite. Suas pinturas e as atitudes devotas
que sempre moveram sua existência levaram seus contemporâneos a lhe chamarem de
Fra Angélico e, depois, de Beato, mesmo sem a autorização da Igreja.
Entre 1448 e 1450 ele assumiu o
posto de prior do Convento de Fiesole, mas mesmo assim seguiu atuando
artisticamente em Roma e em Florença. Acredita-se que seus trabalhos foram
inspirados por Gentile da Fabriano e por Lorenzo Ghiberti. Embora Fra Angelico
incorporasse em sua produção artística elementos do Renascimento, elaborando um
estilo original, dotado de tonalidades amenas e colorações mais límpidas,
elementos equilibrados e feitios harmônicos, de luzes e cores articuladas com
inteligência, sua pintura impregnada de devoção religiosa, concebida como uma
prece, remete aos ideais medievais.
Seus temas mais recorrentes são a
Virgem com o Menino no colo, a Virgem coroada e a Anunciação. Uma de suas obras
mais concretas é A Descida, na qual se destaca a glorificação dos santos e o
amor que deles irradia. Recentemente, em 14 de novembro de 2006, foram achados
mais dois retábulos pintados por Fra Angélico, que estavam desaparecidos há
pelo menos 200 anos. Estas peças foram localizadas em uma humilde residência
inglesa, em Oxford.
Ainda como prior de seu Convento, foi mais uma vez
convocado pelo pontífice para atuar em Roma, vindo a morrer nesta cidade em 18
de fevereiro de 1455. O papa criou em sua homenagem um epitáfio, composto de
quatro versos em latim, inscrito em sua humilde laje sepulcral, que remete à
simplicidade quase franciscana do Frei. Ele foi beatificado, em 1982, pelo Papa
João Paulo II, sendo agora oficialmente denominado Beato Fra Angelico.
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