domingo, 19 de abril de 2015

Anders Zorn - Biografia e Obras / Luciano Cortopassi

Anders Zorn - Biografia 1860-1920

     Pintor, escultor e desenhista sueco. É reconhecido internacionalmente como o pintor mais famoso de nacionalidade sueca. Deve sua celebridade especialmente a seus retratos, tanto da alta sociedade parisiense da segunda metade do século XIX, como da família real sueca e de vários presidentes dos Estados Unidos da América. Também são destaques seus célebres "nus" realizados na Suécia e sua obra gráfica, onde demonstrou uma grande capacidade, em especial as gravuras executadas com uma técnica solta que demonstra seu grande domínio no desenho.
     Era filho natural de Grudd Anna Andersdotter e Leonhard Zorn; não chegou a conhecer seu pai, que faleceu em Helsinki em 1872. Criado por seus avós em Mora, iniciou seus estudos em 1872, na escola de Enköping. Aos quinze anos, em 1875, matriculou-se na Real Academia de Arte de Estocolmo, estudos que finalizou brilhantemente em 1880. Nesse mesmo ano apresentou-se na Exposição de Estudantes sua obra Manhã, que lhe abriu as portas dos círculos artísticos suecos. Imediatamente se multiplicaram os encargos; especialmente se especializou em retratos, sobretudo de crianças.
      Nesse mesmo ano conheceu Emma Zorn, filha de uma conhecida família com influência nos círculos artísticos e culturais suecos, com quem casou-se durante o outono de 1885. Entre ambas datas, Zorn viajou pelo Reino Unido e Espanha, e nesta última se interessou particularmente pela pintura de Velázquez e empenhou-se a experimentar os efeitos de luminosidade sobre agua, uma constante em sua obra futura. Durante o inverno de 1887, Anders e Emma realizaram uma viajem de transcendental importância para a obra do pintor.
      Durante este ano e o seguinte permaneceram em St. Ives (França), e Anders apresentou no Salão de 1888 Um pescador de St. Ives, obra adquirida pelo estado francês, e ainda passaram 8 anosn na capital francesa, mas não perderam o contato com a Suécia, onde passavam todos os verões. Na Feira Universal de 1889, Zorn consolidou sua figura no panorama artístico internacional; neste mesmo ano é nomeado cavaleiro da Legião de Honra francesa e é convidado a apresentar seu auto-retrato na Galeria dos Uffizi em Florença
        É precisamente este gênero, de retratos, o que marcou definitivamente até 1896 sua época parisiense. Sua experiência com retratos lhe serviu para ser aceito pelas principais personalidades da vida cultural de Paris da primeira metade do século XIX; destacam-se seus retratos de Antonin Proust (1888) e o de Coquelin Cadet (1889). Neles, Zorn demonstra sua capacidade de representar a psicologia de seus personagens, e é onde o estudo da obra de seu admirado Velázquez deixou sua marca. Por causa da Exposição Internacional de Columbia (1893), Zorn, que foi eleito superintendente da delegação suiça na exposição, realizou a primeira de várias viagens aos Estados Unidos.
        Estas viagens também lhe permitiram mostrar suas qualidades como pintor de retratos, a contar entre seus modelos com personalidades: Grover Cleveland e sua esposa (1899), William Taft (1911) e Theodore Rooselvet, realizado em 1905. Zorn viajou aos Estados Unidos da América em cinco ocasiões, a primeira já citada de 1896 e o resto durante os anos de 1898, 1900, 1903 e 1907. Por isso sua obra está bem representada nas coleções públicas americanas,como nos museus de San Luis e o de Chicago.
Em 1896 Anders e sua esposa Emma regressaram à sua cidade natal de Mora, em cuja vida pública se implicaram profundamente. Emma dedicou-se à promoção da leitura e seu marido mostrou sua preocupação pela conservação do folclore musical sueco, em consonância com as consignas do naturalismo, ponto de referência de sua prática plástica. Isto trás seu definitivo estabelecimento na Suécia, e a obra de Zorn abordou os temas de caráter popular, as cenas costumeiras que refletem o caráter do povo sueco. Também pôs seus dotes de retratista ao serviço da família real sueca, da qual retratou vários membros.
Se a obra ao óleo, de Zorn, caracterizou-se pela prática de um naturalismo próximo ao Impressionismo, foi sem chegar a adquirir a liberdade formal que a caracterizou. Sua obra como pintor se resolve en traços soltos, onde o artista nos demonstra suas qualidades de desenhista. Nos deixou um total de 289 gravuras, nos quais a influencia de Rembrandt adquire o mesmo relevo que a de Velázquez em sua prática de óleo. Entre os retratos de personagens de sua época podemos destacar os de Ernest Renan (1892), o do escultor francês Auguste Rodin (1906) e o de seu compatriota, o dramaturgo August Strindberg (1910).
         Realizou assim mesmo um grande número de aquarelas, especialmente durante seus primeiros anos de matrimônio, estimulado por Emma, que teve um papel importantíssimo ao longo de sua vida. Entre outras, podemos destacar Férias de Verão (1885) ou sua aquarela mais famosa, Pão Nosso De Cada Dia (1886). A parte de sua obra que mais se estima em seu país são a nudez, série que iniciou durante sua estadia na França, com obras como Outdoors (1888) e As banhistas (1888).
Outra arte que destacou o multidisciplinar artista sueco foi a escultura, da qual nos deixou obras de caráter naturalista em pequeno formato, como Banho matutino (1909), e de caráter público, como a Estátua de Gustav Vasa (1903). Após seu falecimento, Emma fundou o Museu Anders Zorn, em 1939; fundação que contém uma representativa amostra dos trabalhos de Zorn em todas as suas facetas.





                                                




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