O termo claro-escuro deriva de chiaroescuro, palavra italiana que designa o efeito de luz e sombra. Em pintura ou desenho é utilizado para descrever o fenômeno pelo qual, mediante um equilibrado contraste de luz e sombra, se confere relevo às formas e profundidade à composição. A técnica do claro-escuro já era empregada na Renascença, por artistas como Leonardo da Vinci e Ticiano , e foi sutilmente aproveitada pelo chamado: Tenebrismo de Caravaggio. Atingiu seu ponto alto na extraordinária pintura de Rembrandt.
No início do século XIX, os pintores acadêmicos franceses estavam preocupados em reproduzir as sutis gradações tonais que separaram as luzes das sombras. Teoricamente , as luzes eram poucas e as sombras conseguidas com pintura transparente. Então o claro-escuro transformou-se em algo mais que uma técnica e passou a representar um ideal de beleza artística .
Mas a técnica de utilizar sombras transparentes muito diluídas não resistia aos estragos causados pelo tempo. Ao envelhecer , a camada de tinta tornava-se cada vez mais transparente, de maneira que os efeitos sutis desapareciam logo. A longo prazo, as bases pálidas eram mais seguras e, por isso,acabaram caindo na preferência de muitos artistas a partir de 1850, quando também surgiram no mercado tintas a óleo permanentes. Assim , os artistas impressionistas, entre os quais Manet, Monet, Pissarro, Degas, Renoir, Sisley e também Cézanne afastaram-se da visão convencional do claro-escuro. Observando os efeitos luminosos naturais ao ar livre, deixaram de ver a pintura através de esquemas tradicionais. Com eles o quadro tornou-se luminoso, a paleta clareou-se, e o claro-escuro passou a significar apenas um ideal estético sem importância decisiva. Pode-se dizer que, na História da Pintura, nenhum artista dominou a técnica do claro-escuro tão magistralmente quanto Rembrandt. Ele conseguia iluminar as cores, clareando-as proporcionalmente de acordo com a luz recebida. Por isso, quando se referem ao claro-escuro de Rembrandt os críticos preferem definir essa técnica como o perfeito e exato emprego da luz na sombra.
Texto: Luciano Cortopassi
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