Moema de Victor Meirelles, de 1866, obra simbólica do Romantismo brasileiro, é a primeira a receber recursos e já está em processo de restauração para ser exibida ainda este ano no museu.
Os visitantes do MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand poderão ver, ainda este ano, um clássico do Romantismo brasileiro totalmente renovado. Com quase 150 anos, Moema – uma das mais importantes obras de Victor Meirelles de Lima – será a primeira tela a integrar o Programa de Restauração Patrocinada do MASP graças a uma parceria com o Bank of America Merrill Lynch. A partir do Projeto de Conservação de Arte do banco, os trabalhos tiveram início em junho último, sob coordenação de Karen Cristine Barbosa, coordenadora do departamento de Conservadoria e Restauração do museu. A obra de Meirelles retrata o personagem central da índia apaixonada e abandonada e foi concluída em 1866, auge do Romantismo nacionalista no Brasil.
“A escolha da obra tem a ver a opção deste patrocinador, interessado em apoiar a restauração de obras de artistas brasileiros e a parceria com o banco viabiliza o início do Programa de Restauração Patrocinada do museu, isso é um passo fundamental para que outras empresas possam financiar a restauração de uma dezena de obras de nosso acervo”, diz o curador do Masp Teixeira Coelho.
Nos últimos anos, com o apoio de instituições museológicas internacionais, o Masp viabilizou a restauração de obras como O artista (1875), de Édouard Manet e São Jerônimo penitente no deserto (século XV), de Andréa Mantegna, ambas em parceria com o Museu do Louvre, de Paris; As Tentações de Santo Antão (c. 1500), de Hieronymus Bosch, em parceria com o Instituto Getty de Los Angeles; Himeneo travestido assistindo a uma dança em honra a Príapo (1634-1638), de Nicolas Poussin, em parceria com o Centro de Pesquisa e Restauração dos Museus da França, Museu do Louvre e Universidade Federal de Minas Gerais. Hoje estão em restauro dezenas de peças de cerâmicas maiólicas do século XVI, nos laboratórios da Soprintendenza per i Beni Storici e Artistici dell’Umbria, na Itália.
O Artista e a Obra:
Victor Meirelles de Lima (1832- 1903) foi um dos mais importantes pintores do romantismo brasileiro e dedicou sua obra à criação, como era comum pensar à época, de uma nova identidade para o Brasil. Em 1822, o país havia recentemente conquistado sua independência e buscava se posicionar como uma nação legítima e autêntica culturalmente. Sua formação foi determinante nesse sentido, pois possibilitou a ascensão de uma nova estética que viria para substituir o barroco, julgado ultrapassado na época.
Catarinense, formou-se pela Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro entre 1847 e 1852. Após aprender com grandes mestres, como José Correia de Lima, consegue uma bolsa para estudar Artes em Roma com Tomaso Minardi, adepto do manifesto purista de Tenerani, Bianchini e Overbeck.
Após esse período, vai a Paris, onde conhece Andrea Gastaldi e Léon Cogniet. Somando sua grande técnica de desenhos nus, aprendida com Minardi, à cultura salonnarde, que aflorava na cidade das luzes, pinta A Primeira Missa no Brasil, obra amplamente elogiada no Salon de 1861 e conhecida do grande público pelos livros de história. No mesmo ano, retorna ao Rio de Janeiro, onde se torna professor honorário da academia.
Moema, óleo sobre tela de 1866, retrata uma jovem de origem indígena que volta morta à costa após tentar seguir a nado, apaixonada, a nau de Diogo Álvares, o conquistador português que voltou à Europa casado com a índia Paraguaçu. O momento retratado pelo pintor destaca-se pela grande atenção a detalhes e maestria na representação de perspectiva e iluminação. Estes detalhes valorizam a obra que retrata uma lenda brasileira pouco conhecida.
O Projeto de Conservação do Bank of America Merrill Lynch:
O Projeto de Conservação de Arte do Bank of America Merrill Lynch é um programa único, que fornece fundos a instituições e museus sem fins lucrativos visando a conservação de obras de importância histórica ou cultural que correm risco de sofrer degradação, incluindo obras designadas como tesouros nacionais. Iniciado na Europa, Oriente Médio e África em 2010, o projeto foi expandido em 2012 para incluir América Latina, Ásia, Austrália e Estados Unidos e possibilitar a restauração de 20 peças de importante valor cultural e histórico em 19 mercados em todo o mundo.
Responsabilidade Social Corporativa Bank of America Merrill Lynch:
O comprometimento do Bank of America Merrill Lynch à responsabilidade social corporativa (CSR) é um ponto estratégico da atuação global. Os esforços de CSR determinam como a empresa opera em um ambiente responsável social, econômica e financeiramente em mais de 100 mercados por todo o mundo para atender melhor os seus acionistas, funcionários, clientes e consumidores.
O objetivo da empresa é criar regiões e comunidades vibrantes economicamente por meio de empréstimos, investimentos e doações. Ao fazer parcerias com os seus acionistas, o banco cria um valor compartilhado que permite a indivíduos e comunidades alcançarem o sucesso o que também colabora com o êxito a longo-prazo de seus negócios. Possui diversas áreas-chave em CSR, incluindo práticas de negócios responsáveis, sustentabilidade ambiental, fortalecimento de comunidades locais com foco em habitação, alimentação e empregos, investimento no desenvolvimento de lideranças globais e engajamento por meio de arte e cultura.
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