quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Jean-Antoine Watteau Biografia / Luciano Cortopassi


Pintor francês, Jean-Antoine Watteau nasceu em Velenciennes a 10 de outubro de 1684 e morreu em Nogent a 18 de julho de 1721. De sua terra na Picardie chegou a Paris, vivendo em extrema pobreza. O grande decorador Gérard Audran (1640-1703) ocupou-o na ornamentação do Palais Luxembourg; o fantástico artista gráfico Claude Gillot (1673-1722) introduziu-o no mundo do teatro; mas na academia o jovem artista não obtinha sucesso. Enfim, o grande mecenas Croozat convidou-o para participar das festas  que dava no parque de Montmorency. Para pintá-las, Watteau estudou os desenhos de Rubens e dos mestres venezianos (Ticiano e Paolo Veronese). Com o quadro que representa uma festa imaginária, "L'Embarquement pour Cythère" ("O Embarque para Citera"), o pintor foi recebido pela Academia em 1717. 
Watteau não foi, porém, um participante ativo daquelas festas galantes; foi um expectador maravilhado, quieto e tímido. Foi um artista retraído no meio da libertinagem da Régence, um silencioso entre causeursespirituosos. Com 35 anos de idade a tuberculose já o tinha atingido, e foi o marchand Gersaint, vendedor dos seus quadros, que o ajudou até a hora da agonia.
  
OS PERSONAGENS

Watteau aprendeu com Audran o estilo rococó e com Gillot o espírito fantástico, onírico, mas seus mestres, propriamente, são Rubens e os venezianos. Contudo, sua arte revela pouco essas origens: é tipicamente francesa, pela extrema delicadeza das linhas e da atmosfera; e reflete sua época da galanteria, transfigurando-a, criando uma arte intemporal. No centro dessa arte está a mulher. Mas, diferente dos seus mestres , não gosta de mostrá-la nua: "O Juízo de Paris" (Louvre) e "Júpiter e Antíope" (Louvre), muito no estilo de Rubens, são das raras exceções. 
Os personagens masculinos, como aquele "Indifférent" ou o "Mezzetin" (Ermitage, Leningrado), são mais retraídos, sobretudo o maravilhoso "Gilles" (Louvre), em que Watteau parece retratar sua própria atitude em face da vida dos outros. O encontro dos sexos sempre é, apenas, delicadamente esboçado: a "Serenata" (Musée Condé, Chantilly), "A Lição de amor" (Svenska Nasjonalmuseet, Estocolmo). Só o "Faux Pas" (Louvre) alude diretamente ao contato. 
Muitas vezes, os personagens pertencem ao teatro, isto é, para Watteau, à commedia dell'arte:  "Arlequim e Colombina" (Wallace Collection, Londres), o "Teatro francês" (National Gallery, Washington) e o "Teatro italiano" (ibid.).
  
AS FESTAS

As cenas no palco repetem-se na sociedade: Watteau já foi em vida celebrado como o pintor ds 'festas galantes'. Mas há no "Parque de St. Coud" (Prado, Madri) e no "Casamento campestre" (ibid.), e na "Festa Veneziana" (National Gallery of Scotland, Edinburgh), algo de caracteristicamente irreal, de apenas sonhado, que faz também o encanto da obra-prima do pintor: "O Embarque para Citera" (Louvre), com sua maravilhosa paisagem no fundo, obra que parece tradução de um dos misteriosos quadros de Giorgione para a linguagem do Rococó, certamente uma das mais intensas criações da arte francesa.
  
O FIM

O último quadro que Watteau pintou, parece completamente diferente de todos os outros: "L'Enseigne de Gersaint" ("A Tabuleta de Gersaint";Schlossmuseum Charlottenburg, Berlim): é a loja do seu protetor em que as obras de arte se vendem aos que entendem dela e aos outros. No momento da morte, o artista sonhador encontra o contato com a dura realidade, mas sabe transfigurá-la de tal maneira que o lugar do comércio se transforma em inverossímil "festa veneziana": foi o último sonho de Watteau.









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