quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Um Grande Pintor Gaúcho: Pedro Weingärtner



Desde sua morte, em 1929, o pintor e gravador gaúcho Pedro Weingärtner teve sua obra praticamente ignorada. Isso porque nestes anos, as artes brasileiras viveram um duro embate entre o velho e o novo. De um lado, os modernistas da geração de 1922 faziam uma intensa campanha política e cultural em defesa de uma arte de vanguarda nacional, independente da tradição européia. De outro, tudo o que representava o passado, grupos de românticos, parnasianos, realistas e simbolistas.

Na pintura em particular, tudo o que representava o velho academicismo do século XIX foi duramente combatido, de modo que, já ao dos anos 20, o modernismo brasileiro já havia firmado raízes que apenas se aprofundariam e se alastrariam na tradição artística nacional das décadas seguintes.

Detrás do interesse e da aceitação do público brasileiro das novas tendências de vanguarda, estava a grande influência que estes intelectuais, escritores e artistas passaram a exercer sobre a alto escalão burocrático do mundo das instituições artísticas nacionais, com seus galeristas, curadores, diretores de museus, editores e críticos de arte, que aderiram quase que em bloco à nova arte.

A partir deste momento, o centro das atividades artísticas promovidas no país gradualmente foi se deslocando para o modernismo, abandonando a partir daí o interesse pelas correntes que haviam dominado as artes nacionais ao longo de todo o século XIX, em particular os academicismos que dominavam as instituições artísticas nacionais.

Neste time estava o grande talento de Pedro Weingärtner, um dos muitos artistas que foram soterrados nos escombros do passado graças à atividade dos modernistas, tendo sua obra negligenciada e esquecida neste processo. Aparentemente, nada sobrara do prestígio que Weingärtner usufruíra durante o Segundo Império, considerando que, desde sua última exposição, em 1925, se passariam mais de 80 anos até que alguém tomasse a iniciativa de organizar uma nova exposição representativa dos trabalhos do pintor.


Breve retrato do artista

Weingärtner, nasceu em Porto Alegre em 1853 e se tornaria o primeiro artista gaúcho a ganhar notoriedade internacionalmente. Em 1878, ele parte para a Alemanha, onde recebe instrução acadêmica, estudando com destacados pintores de gênero, como o alemão Ferdinand Keller, que mais tarde se tornaria um proeminente representante do simbolismo.

Pedro Weingärtner seria assim educado dentro dos cânones do academicismo da pintura mitológica e de gênero, retratadas sempre com grande primor técnico.

Em 1892 ele abandona seu mestre e parte para Paris, ingressando na renomada Academia Julien, onde estuda com academicistas de proa, comoTony Robert-Fleury e William Adolphe Bouguereau.

Sua habilidade seria tão valorizada nestes meios que, quando Weingärtner se vê obrigado a voltar ao seu país por falta de recursos, Bouguereau intercede por ele, enviando uma carta a Dom Pedro II, que concede uma bolsa de estudos paga pelo governo brasileiro para o jovem artista gaúcho terminar sua formação.

Em 1887, Weingärtner havia adquirido grande sucesso com as exposições de suas obras no Brasil, adquirindo já o status de artista oficial. Sua produção era então constituída principalmente por pinturas mitológicas.

Em 1910, é organizada uma grande exposição de seus quadros, com 50 obras em São Paulo. No auge de sua popularidade, o pintor teve a maioria destas obras vendidas na ocasião.

Inquieto diante dos rumos tomados pelo seu trabalho, a partir de 1913, ele passa a pintar as paisagens de sua terra e as feições do povo gaúcho, em obras que se tornariam as mais importantes contribuições de Weingärtner às artes nacionais. Representava a penetração dos ideais da pintura realista na obra deste artista que nunca se afastou da tradição acadêmica.

Com advento da Semana de Arte Moderna, em 1922, o pintor realizou ainda uma última exposição em 1925, que recebeu no entanto críticas desfavoráveis. Dois anos mais tarde Weingärtner sofreria um derrame, vindo a falecer no natal de 1929.

Após sua morte, sua obra passaria ao segundo plano das artes, apesar da grande importância de suas séries sobre o Rio Grande do Sul, sendo ainda hoje, um dos mais importantes artistas do estado.
 O quadro Acima encontra-se na Pinacoteca do estado de São Paulo e tem como título: "La faiseuse d''anges"

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